quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Fala baixo que vai acordar o véio!




Homem é velado em bar com cerveja liberada e roda de samba em Cachoeiro

No total, foram consumidas 11 caixas de litrão de cerveja, 20 caixas de latão e 15 litros de cachaça. Tudo de graça, para chorar a morte do bon vivant


Por Natalia Bourguignon

Noel Rosa já dizia "Quando eu morrer/ Não quero flores/ Nem coroa com espinho / Só quero choro de flauta / Violão e cavaquinho". Esse também era o desejo de Gleisson Silva, boêmio famoso de Cachoeiro de Itapemirim, que foi velado em um bar, rodeado de amigos, com cerveja liberada e muito samba até o sol raiar.

Gleisson morreu aos 68 anos, era casado há 44 anos e tinha quatro filhos. Flamenguista doente e portelense de coração, Seu Gleisson era dono de um bar no bairro Ilha da Luz há mais de 30 anos.

Gleisson teve o velório que muita gente gostaria
de ter no dia da despedida deste mundão.



"Meu pai, quando ia ao velório de algum amigo, voltava triste e cabisbaixo. E ele sempre dizia: 'no meu velório não quero tristeza, quero samba, quero ser velado dentro do bar'", conta Glaucio Fragosos da Silva, 42 anos, filho e atual dono do bar.

Fã de um baralho e de uma cerveja, Gleisson teve o pedido atendido. Segundo a família, ele teve um acidente vascular cerebral na terça-feira de Carnaval, após uma viagem para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e foi internado em um hospital da cidade. Dois dias depois, Gleisson sofreu três paradas cardíacas e acabou falecendo na manhã de sexta-feira (12).

O corpo de Gleisson chegou ao bar às 11 horas do mesmo dia para ser velado. Amigos e familiares de Vitória, do Rio de Janeiro e de Cachoeiro começaram a aparecer, numerosos. "Acho que ao todo, entre idas e vindas, umas três mil pessoas passaram para ver meu pai. É muito bom saber que seu pai quando morre é bem quisto", conta Glaucio.

Com o grande número de visitantes chegando para prestar as últimas homenagens ao Seu Gleisson, a rua na frente do bar foi rapidamente tomada de pessoas e carros. A comoção foi tão grande que a Guarda Municipal teve que intervir para impedir que o trânsito fosse totalmente bloqueado.

Velório

O sol foi baixando e os amigos do samba foram chegando, cada um trazendo seu instrumento. Em uma roda de samba improvisada, eles tocaram os clássicos do samba que tanto agradavam ao falecido. "Quando o negócio animava demais alguém gritava 'fala baixo que vai acordar o veio'", lembra Glaucio.

O batuque seguiu noite adentro e só parou de manhã, quando era a hora de levar o corpo para sepultamento. Gleisson Silva foi enterrado no cemitério municipal do Coronel Borges por volta das 8 horas da manhã de sábado (13).

No total, foram consumidas 11 caixas de litrão de cerveja, 20 caixas de latão e 15 litros de cachaça. Tudo de graça, para chorar a morte do bon vivant. "Foi muito bom ver todo mundo, receber as pessoas que meu pai tanto gostava. Era uma pena que ele não pode aproveitar com a gente", conclui o filho.

Observação do blog: No site tem imagens do velório no bar. Confere! 



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Petiscos de folia



CALMARIA

Navego por entre bares
dantes nunca visitados.

Nado por esse
ambiente musical,
sem melancolia,
bebo goles de amor
e provo petiscos de folia.

Nossa calma vai à deriva.
Derivados etílicos
rolam nessa noite quente
E um corpo alucinado
Com desejo ardente
Me resguarda, me cativa...

ALUÍZIO MATHIAS


Aluízio Mathias é poeta, navegador de bares e um pierrot apaixonado...