quinta-feira, 23 de julho de 2015

O bolo tem uma cereja


O Bar do Apolo é um de esquina que fica na barulhenta Avenida São João com a Alameda Glete, quase embaixo do Minhocão. Ali não tem mesas na calçada. Não tem luxo. Mas quando a gente chega toca um rock e também dá pra ver os jogos de futebol que só passam em canal fechado. 


É este bar de esquina, mas agora está pintado de vermelho
 
Mas o que faz com que o povo que gosta de bar volta e meia apareça por lá, a cereja deste bolo, é a Heineken que o Apolo vende por R$ 6,99 a garrafa de 600 ml. 


Eita promoção boa!

Em tempos de cervejas que transbordam milho transgênico, o que o Apolo está fazendo é um bem pra humanidade. O reconhecimento da turma é enorme! Volta e meia nos organizamos pra ir lá beber as Heinekens do Apolo. E a pessoa pede pra gente avisar se vai em bastante gente, porque não gosta de servir cerveja que não esteja bem gelada. Se você avisar o Apolo, ele deixa tudo no grau pra ninguém sair insatisfeito.

 
Gente organizada pra cerveja decente.

Eu adoro coxinha (a comestível, massa e frango, fique bem claro). E com ela também o Bar do Apolo ganha pontos. Quase sempre ele frita a coxinha na hora para você e ela vem sequinha, pronta pra matar aquela fomezinha ou pra dar mais vontade de beber cerveja.

Com certeza e com cerveja, o Apolo, aqui por perto, tem a Heineken mais barata. Com a promoção seguimos organizando gente, pois faz bem, muito bem, mexer menos no bolso e  beber cerveja decente.



terça-feira, 14 de julho de 2015

Bar doce bar


As bebedoras de cerveja em bar colorido.
Obra de Juarez Machado.


(Dedicado a Leticia Eternamente Aprendendo)

Na umidade relativa do bar
Eu tomarei um gole de certeza
Sei que minha solidão
Exposta sobre a mesa
Nada adiantará de novo
E repetirei os copos de cerveja
Ouvindo as velhas canções do povo
E bebericando a sede de amar...

ALUÍZIO MATHIAS

Aluízio Mathias é um companheiro do Rio Grande do Norte, poeta, militante e bem-humorado. Ótima companhia de bar, eu o conheci neste ano, na Tunísia, durante o Fórum Social Mundial. Felizmente tivemos a oportunidade de conhecer o L'Avenue e degustar a Celtia enfumaçados pelos cigarros (http://praquemgostadebar.blogspot.com.br/2015/06/um-pe-nos-velhos-tempos.html).
 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Botecos






Luis Fernando Veríssimo


Tinha uma mania: colecionava botecos. Não os frequentava, apenas Era um estudioso. Gostava de descobrir botecos e recomendar para os amigos. Ultimamente vinha se especializando — um refinamento da sua paixão — no que chamava de botecos asquerosos. Daqueles que nenhum fiscal da Saúde Pública incomoda porque não passa pela porta sem desmaiar.

Seu rosto se iluminava na frente de um boteco asqueroso recém-descoberto. Não resistia e entrava. Depois contava para os amigos.

Uma glória. Sabe ovo boiando em garrafão com água?

Repelentes, é?

As galinhas não os receberiam de volta. A própria mãe! Descrevia o boteco com carinhoso entusiasmo.

E que moscas. Que moscas!

Só não tinha paciência com o falso sórdido. Alguns botecos assumiam suas privações como uma declaração de falta de princípios. Ele preferia o sórdido inconsciente, o sórdido autêntico. Principalmente, o sórdido pretensioso. Uma vez contara, extasiado, uma cena. Terminara de comer uma inominável almôndega, pedira um palito para o dono do boteco e desencadeara uma busca barulhenta e mal-humorada, com o dono procurando por toda parte e gritando para a mulher:

Cadê o palito?

Finalmente o dono encontrara o palito, atrás da orelha, e o oferecera. Ele se emocionava só de contar.

Os amigos, sabendo da sua paixão, mantinham-se atentos para botecos sórdidos que pudessem interessá-lo. Muitos ele já conhecia.

Um que tem uma Virgem Maria pintada num espelho com uma barata esmigalhada de tapa-olho? vou seguido. A cachaça é tão braba que tem bula com contra-indicação.

Outro dia lhe trouxeram a notícia do pior dos botecos. Não era um boteco de quinta categoria. Era um boteco de última categoria. Ficava no limite entre a vida inteligente e a vida orgânica. Ele precisava ir lá verificar.

Foi no mesmo dia. Ficou estudando o boteco de longe, antes de se aproximar. Tinha um garoto na porta do boteco. A função do garoto era atacar cachorros sarnentos. 
 
Quando passava um cachorro sarnento o garoto o enxotava — para dentro do boteco!

Ele atravessou a rua na direção do boteco com aquele brilho no olhar que tem o pesquisador no limiar da grande revelação, ou o santo antes do doce martírio.

E tem a história do Nascimento, que um dia quase brigou com o garçom porque chegou na mesa, cumprimentou a turma, sentou, pediu um chope e depois disse:

E traz aí uns piriris.

O quê? — disse o garçom.

Uns piriris.

Não tem.

Como, não tem?

"Piriris" que o senhor diz é...

Por amor de Deus. O nome está dizendo. Piriris.

Você quer dizer — sugeriu alguém, para acabar com o impasse uns queijinhos, uns salaminhos...

Coisas para beliscar — completou outro, mais científico. Mas o Nascimento, emburrado, não disse mais nada. O garçom que entendesse como quisesse. 
O garçom, também emburrado, foi e voltou trazendo o chope e três pires. com queijinhos, salaminhos e azeitonas. Durante alguns segundos, Nascimento e o garçom se olharam nos olhos. Finalmente o Nascimento deu um tapa na mesa e gritou:

Você chama isso de piriris? E o garçom, no mesmo tom:

Não. Você chama isso de piriris!

Tiveram que acalmar os ânimos dos dois, a gerência trocou o garçom de mesa e o Nascimento ficou lamentando a incapacidade das pessoas de compreender as palavras mais claras. Por exemplo, "flunfa". Não estava claro o que era flunfa? Todos na mesa se entreolharam. Não, não estava claro o que era flunfa.

A palavra está dizendo — impacientou-se o Nascimento. Flunfa. Aquela sujeirinha que fica no umbigo. Pelo amor de Deus!


(Texto publicado no livro A mesa voadora)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sossego e cerveja gelada!


Como minha amiga Pole vai pra Florianópolis na semana que vem para a banca de defesa do Mestrado, esta postagem vai pra desejar que tudo dê certo, e também para dar uma dica de um lugar que ela já conhece, mas que vale a pena passar por lá de novo. E fica a dica já pra quem num dia destes vai visitar a ilha. 


A história vem lá dos 1600

Um lugar lindinho da ilha que vale a pena conhecer é Santo Antônio de Lisboa. Além das construções portuguesas históricas, o lugar tem uma vista muito bonita e boas árvores para você beber umas cervejas à sombra, apreciando tudo isso. 


Construções antigas
 

Além disso, Santo Antonio é lugar para quem aprecia ostras. Vários bares e restaurantes oferecem o fruto do mar. Da última vez que estive ali, com os companheiros de turma de mestrado, nos acomodamos no Cantinho da Ostra. Fomos a pé do terminal do Santo Antônio até a praia. 


O espírito manezinho da zuêra

O Cantinho da Ostra fica no canto da praia, claro! Tem bastante mesinhas na calçada, que é muito bem sombreada pelas árvores. Lugar perfeito pra num dia de muito sol a gente se refrescar com cervejas geladas. 


Canto bom de beber umas brejas
   
Não me pergunte se a ostra deles é boa porque eu não experimentei. Aliás, nenhum de nós experimentou, pois fomos ao bar pra beber mesmo. 


Não sei se a ostra é boa

Dá pra ficar horas ali curtindo. Eu, pelo menos, na companhia de amigos, fico um dia inteiro. Naquele dia nós só nos abastecemos pra seguir caminhada até o Sambaqui, onde tínhamos um churrasco nos esperando. 


Quem gosta de bar fica o dia todo aí, sem dúvidas
 
E seguimos caminho pela beira da praia, aproveitando o sossego, nos preparando pra mais uma cervejada, e que acabaria no bar do Neco, bem mais tarde (http://praquemgostadebar.blogspot.com.br/2013/12/rancho-pra-quem-gosta-de-bar.html). Quem gosta de bar começa em um, pula prum churrasco e cai em outro bar pra fechar o dia (ou a noite).

O Cantinho da Ostra fica na Avenida XV de Novembro, 280, Bairro Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis.